Banco Central tira 337 instituições do mercado

21.12.2012

Sem alarde, o Banco Central (BC) retirou do sistema financeiro nada menos do que 337 instituições não bancárias de 2010 a outubro deste ano. Consórcios como o Marcos Marcelino, de Ananindeua (PA), o Motomax, de Sacramento (MG) e tantas outras pouco conhecidas distribuidoras de valores, corretoras e cooperativas saíram do sistema nos últimos três anos em meio a um processo de limpeza promovido pela autoridade.

O alarde causado pela descoberta de rombos bilionários em bancos como PanAmericano e Cruzeiro do Sul acabou encobrindo centenas de liquidações, cancelamentos de registro e incorporações de outras entidades não bancárias dentro de um projeto batizado pelo BC de “Sanea”.

Bastante semelhante à faxina feita nos bancos, o aperto na fiscalização das demais instituições supervisionadas pela autoridade teve como objetivo tirar do sistema aquelas que já não estavam operantes, que não exerciam atividade financeira ou que tinham problemas de capital ou de gestão.

Em termos de ativos, a avaliação da autoridade é que o impacto da operação foi pequeno. Isso porque os bancos concentram 98% do total. Hoje, ao fim do projeto “Sanea”, ainda restam cerca de 2 mil entidades não bancárias, que abrigam o restante dos ativos do sistema.

O maior efeito do “Sanea”, na avaliação da equipe do BC, se dá em termos de eficiência da própria autoridade. A maioria das 337 entidades que saíram do sistema já não estava mais vendendo consórcios, distribuindo títulos, dando empréstimos a cooperados ou fazendo operações de corretagem, segundo informou o BC ao Valor. Apesar disso, essas empresas exigiam que a autoridade gastasse tempo e recursos fazendo sua fiscalização, enquanto poderia centrar esforços em quem opera.

Foi a falta de atividade que levou ao cancelamento de registro dos consórcios Monza e Cineral, por exemplo. Em muitos casos, o Banco Central convidou os controladores a retirarem suas companhias da supervisão financeira. É por isso que algumas continuaram a existir, mas com atividades não financeiras. A Terra Companhia de Crédito Imobiliário, de Fortaleza (CE), mudou o estatuto social neste mês para retirar de suas atividades a concessão de financiamento.

Nem todas as saídas do sistema financeiro, porém, se deram de forma tão tranquila. No ano passado, a financeira cearense Oboé sofreu intervenção depois que constatou-se violações de normas, além de um passivo a descoberto. Em março de 2010, o consórcio Fiorelli teve a liquidação decretada por problemas patrimoniais e descumprimento de regras.

Com a retirada de companhias que não atendiam às normas, o BC avalia que também reduziu o risco do sistema bancário.

 

Fonte: Valor Econômico

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