Punida pela ANS, Unimed Paulistana acumula prejuízo

18.07.2012

A determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de proibir a comercialização, durante três meses, de 35 dos 55 planos de saúde da Unimed Paulistana deve afetar ainda mais a delicada situação da cooperativa médica que tem cerca de 1 milhão de clientes. Entre as 37 operadoras punidas, a Unimed Paulistana é a maior.

O balanço da Unimed Paulistana do ano passado mostra uma receita total de cerca de R$ 2,5 bilhões e um prejuízo de R$ 25,4 milhões por conta pagamentos de impostos no valor de R$ 34,5 milhões. A cooperativa, que ficou sob intervenção fiscal entre 2009 e 2010, negociou no ano passado um débito fiscal de R$ 1,1 bilhão, sendo que R$ 700 milhões eram referentes a um passivo de Imposto Sobre Serviços (ISS).

Porém, a auditoria KPMG apontou uma série de irregularidades nesse último balanço financeiro. No documento, a KPMG destaca: “em nossa opinião, devido à importância dos assuntos discutidos no parágrafo ‘Base para opinião adversa’, as demonstrações financeiras não apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Unimed Paulistana (….), o desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e aplicáveis às entidades supervisionadas pela ANS.”

No ano passado, a cooperativa apresentou um plano de reestruturação à ANS prevendo um lucro de R$ 150 milhões em 2011.

Segundo fontes do setor de saúde, para atingir tais metas a Paulistana iniciou um forte processo de expansão para praças fora de São Paulo, o que poderia ser uma das justificativas para os problemas de prazo de atendimento que levaram a agência reguladora a punir a cooperativa médica. “A Unimed Paulistana vendeu muitos planos em regiões em que não havia uma rede credenciada capaz de atender tal demanda”, disse uma fonte da área de saúde. Um cliente da Paulistana pode ser atendido em outras regiões do país com Unimed, mas em alguns casos como em Salvador, por exemplo, a cooperativa local vem sofrendo com a rede credenciada insuficiente.

Desde janeiro, as operadoras são obrigadas a cumprir prazos de atendimento fixados pela ANS. Uma consulta precisa ser agendada em sete dias úteis e sessões com psicólogos e nutricionistas em 10 dias no máximo. A ANS tomou essa decisão porque muitas operadoras de planos de saúde estavam aumentando sua base de clientes sem expandir proporcionalmente as redes de médicos, hospitais e laboratórios.

Procurada pela reportagem do Valor, a Unimed Paulistana informou que ainda não havia recebido a notificação formal por parte da agência reguladora e que poderá se pronunciar após o recebimento do documento.

As operadoras punidas que venderem seus planos serão multadas em R$ 250 mil. Nos casos de descumprimento reiterado, as empresas podem sofrer suspensão da comercialização de parte ou da totalidade dos seus planos de saúde e a decretação do regime especial de direção técnica, inclusive com a possibilidade de afastamento dos seus dirigentes.

 

Fonte: Valor Econômico/12/07/2012

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