China tem o 2º PIB do planeta e quase 200 mil cooperativas de todos os tipos

11.06.2024

Ao lado de Adélia Franceschini, renomada pesquisadora social e de marketing no Brasil, nos reunimos para escrever este artigo, provocados por uma informação sobre a gigantesca importância e dimensão do cooperativismo na economia chinesa. Pedi a OCB dados a respeito e recebi da Tânia Zanella, sua superintendente, uma apresentação que reunia diversas informações e mensurações, como as abaixo:

191.276 cooperativas de todos as formas
24.564 entidades de negócios, sem cooperativas do setor primário
767.000 canais de comércio, outlets de bens de consumo
464.000 centros de multisserviços nas cidades menores
64.651 hospitais capilares
Muito interessante também, além da grandiosidade desses números, foi a observação de uma forte presença da expressão “marketing“. O documento inicia assim: “Suply and Marketing Co-operatives (SMCs) foram iniciadas em 1950 e retratam os “anos difíceis“ onde líderes, membros desse sistema, cruzavam montanhas e rios, longas distâncias com sacolas e mochilas nas costas levando bens aos agricultores, numa luta pela sobrevivência.

O início foi totalmente dedicado aos agricultores. Ao passar dos anos, incluíram a inovação, serviços, logística e marketing de tudo o que envolvia a produção agropecuária e os produtores chineses.

E o texto dessa central das cooperativas, conclui : “SMCs na China agora promovem o maior complexo funcional de marketing, com logística, um sistema de serviços cooperativos em todo país.”

China Coop, all China Federation of Supply and Marketing Cooperatives, pode ser visitada no site: www.chinacoop.gov.cn

Nós brasileiros somos muito centrados no ocidente. E vale lembrar que, na própria China no início de 1900, o conceito cooperativista foi introduzido por pioneiros que viam esse desenvolvimento na Europa e nos Estados Unidos. Mas, se tratando de cooperativismo, temos números grandiosos no Oriente e realidades que ensejam arranjos econômicos muito produtivos e grandiosos.

1 milhão de cooperativas na China
No Brasil, estamos na casa de cerca de 7.000 cooperativas no Sistema OCB, nos Estados Unidos quase 30 mil, 1 milhão de coops na Índia (sua legislação permite que a partir de 3 pessoas possa se formar uma cooperativa agro), e com outras fontes de informação obtemos dados da presença de 1 milhão de cooperativas totais chinesas.

Cooperativas são o dragão chinês desta década
As cooperativas chinesas são nominadas como: “Dragão chinês desta década“. Significam a grande força do país, já que 63% da população é da área rural e estão integradas ao cooperativismo agrícola.

O processo acelerado de cooperativismo na China vem desde 1950 com a saída para a alimentação da, até então, maior população do mundo, só ultrapassada recentemente pela Índia.

Para resumir tantas iniciativas chinesas, podemos identificar vários organismos na China que se associaram e se complementaram de maneira flexível nos últimos 20 anos para aumentar cada vez mais a produção, pois a meta é superar em mais de 10% até 2030, aquela que é hoje a maior agricultura em volume do mundo. Várias cooperativas realizam o que chamamos no Brasil de “intercooperação“, se unem para formar uma companhia ou um grupo agroindustrial e comercial.

Essa união de organizações cooperativadas tem como missão crescer a oferta de alimentos, mas sem a possibilidade de aumentar a área cultivada.

Cooperativas de abastecimento e comercialização negociam e chegam até os consumidores finais, são 35 mil coops com essa missão, e dentro do escopo de marketing, precisam fazer pesquisas junto aos clientes, identificar lacunas entre a produção e o consumo e promover e vender seus produtos tanto para o mercado interno, quanto externo. Uma visão sistêmica de cadeia produtiva. Agribusiness.

Cooperativas de Crédito
Surpreendente também constatar a existência de 58 mil cooperativas de crédito, que na grande transformação agrícola da China, em 1992, já tinham 330 mil sucursais e 490 mil funcionários. Conseguimos observar no Brasil, hoje, como o cooperativismo de crédito cresce e reinveste na própria região, o que dá chances a todo crescimento econômico e social.

Enfim, fica aqui uma provocação para o Brasil que tem na China o seu parceiro comercial número 1 hoje: o quanto poderíamos e deveríamos nos aproximar para uma potencial intercooperacao Brasil China Cooperando para o futuro?

E dentro dos dois primeiros ODS (Objetivos Desenvolvimento Sustentável da ONU), eliminar a pobreza e a fome, se não seria através da multiplicação das competentes cooperativas que, de verdade, poderíamos de fato realizar a “multiplicação dos pães“. Para todos. Para o mundo todo.

Por José Luiz Tejon, palestrante especialista em agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop

Por Adélia Franceschini, pesquisadora social e de marketing no Brasil

Coluna exclusiva publicada na Revista MundoCoop edição 117

Fonte: mundocoop.com.br

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