Bancos públicos lideram captação de fundos no semestre

31.07.2012

Apesar do cenário de volatilidade nos mercados e da tendência de queda da taxa básica de juros, o mercado de fundos de investimento registrou aumento de 46,3% da captação líquida no primeiro semestre, que somou R$ 74,434 bilhões. Os investidores privilegiaram as aplicações de maior liquidez e menor risco, como os fundos de renda fixa e de previdência.

As gestoras dos grandes conglomerados lideraram os aportes de recursos, com destaque para as instituições ligadas a bancos públicos como Caixa e a BB DTVM. Nessas casas, a captação foi impulsionada pelas alocações de investidores institucionais e do poder público, enquanto o Banco J.Safra liderou as saídas de recursos com resgates de R$ 14,373 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Na BB DTVM, que teve a maior captação líquida, com ingressos de R$ 10,495 bilhões, as aplicações se concentraram nas categorias previdência e curto prazo.

As alocações nos fundos de curto prazo, que somaram R$ 4,628 bilhões, foram lideradas pelos investidores institucionais e do poder público, que representam 63% do total sob gestão da BB DTVM, de R$ 447 bilhões.

Já os fundos de previdência captaram R$ 6,417 bilhões. “O aumento das aplicações nas carteiras de previdência compensou a saída que tivemos nos fundos DI em maio”, afirma Carlos Massaru Takahashi, presidente da BB DTVM.

Com a perspectiva de queda da taxa básica de juros, hoje em 8%, os investidores do segmento varejo migraram parte das aplicações nos fundos DI para a caderneta de poupança e previdência. A categoria somou aporte líquido de R$ 15,4 bilhões no primeiro semestre.

Essa tendência também foi verificada no Bradesco. “Boa parte das aplicações do varejo foi destinada a planos de previdência, principalmente os VGBLs (Vida Gerador de Benefícios Livres)”, diz Joaquim Levy, diretor-superintendente da Bradesco Asset Management (Bram).

O que tem atraído os investidores para essas carteiras de VGBL é o fato de a tributação sobre os rendimentos incidir apenas no momento do resgate, sem o desconto semestral dos fundos de investimento, o chamado come-cotas.

O maior fluxo de recursos na Bram, no entanto, foi registrado na categoria DI, liderado pelo segmento corporate, que envolve a gestão de recursos de grandes empresas. A categoria teve captação líquida de R$ 24,322 bilhões. Descontando, no entanto, o fluxo destinado à carteira Bradesco DI Performance, que aloca recursos do próprio grupo, a entrada líquida foi de R$ 3,322 bilhões.

Com isso, a Bram teve uma captação líquida de R$ 7,796 bilhões. “As companhias estão com muito caixa e aumentaram a parcela aplicada em fundos”, explica Levy.

Diante do cenário de juros mais baixos, os investidores também aumentaram a alocação em fundos de renda fixa índices – que aplicam em títulos públicos prefixados e atrelados à inflação -, que acumulam ganho de 13,51% no ano.

O crescimento dos aportes nas carteiras de renda fixa ajudou a Caixa a registrar a segunda maior captação líquida da indústria, que somou R$ 8,02 bilhões, liderada pelos investidores institucionais e empresas.

No Itaú Unibanco, a categoria renda fixa também contribuiu para impulsionar a captação líquida na instituição, que somou R$ 7,045 bilhões, revertendo o resultado negativo registrado no mesmo período do ano passado.

A busca por taxas de retorno superiores ao CDI ainda favoreceu o aumento das aplicações nos multimercados com maior risco no BTG Pactual, como o High Yield Plus, que acumula ganho de 11,15% no ano, até 25 de julho. A categoria liderou os aportes líquidos na gestora do banco, que registrou crescimento de 6,5% no semestre, somando R$ 5,508 bilhões. “Esses fundos têm apresentado bom desempenho com as alocações no mercado de juros futuros e em títulos públicos atrelados à inflação”, afirma João Scandiuzzi, estrategista-chefe da área de gestão de recursos do BTG Pactual.

Na casa, a alocação nesses portfólios foi sustentada pelos investidores do “private banking” e de distribuidores de carteiras.

Para outros bancos de investimento como o Banco J. Safra e o J.P. Morgan, no entanto, o primeiro semestre não foi bom. Ambos figuram entre as gestoras que registraram maior saída de recursos.

Na gestora do Safra, os resgates foram concentrados na categoria multimercados. Já no J.P. Morgan, os saques foram liderados pelos fundos de renda fixa, que registraram saída líquida de R$ 1,3 bilhão.

Os resgates nos fundos de renda fixa também impactaram os resultados da Votorantim Asset Management (VAM), que fechou o semestre com saídas líquidas de R$ 1,715 bilhão, concentradas no segmento voltado para grandes empresas. “Essa saída já era prevista, com algumas empresas sacando os recursos para realizar pagamentos, mas esperamos um retorno de parte desse dinheiro”, afirma Lin Shiow, responsável pela área comercial da VAM.

Já na Vitória Asset Management, que tem como acionistas os controladores do Banco BVA, o resgate de R$ 1,325 bilhão é explicado pela transferência da gestão do fundo de participação FIP Florestal para a Plural Capital. A carteira, criada para investir na Eldorado Celulose e Papel, que tem como principal acionista a controladora do JBS, somava R$ 1,339 bilhão de patrimônio.

Com o cenário de juros mais baixos, os gestores afirmam que deve crescer a procura por fundos de crédito privado e de ações com foco em dividendos. “Captamos R$ 1,2 bilhão no fundo de crédito privado com carência de 90 dias que lançamos neste ano”, afirma Levy, da Bram.

Na gestora do BTG Pactual, o fundo de ações com foco em dividendos também teve um aumento expressivo de captação, com o patrimônio líquido passando de R$ 50 milhões em 2009 para os R$ 550 milhões atuais. “Percebemos maior interesse por esse tipo de produto principalmente por parte dos investidores institucionais”, afirma Scandiuzzi.

A responsável pela área comercial da gestora do Banco Votorantim também destaca o maior interesse por produtos estruturados como os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), fundos de private equity e imobiliários.

 

Fonte: Valor Econômico

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