Para auditores, norma quebra independência

04.03.2015

Entidades que representam contadores e auditores se manifestaram
contrariamente, em audiência pública, à proposta do Banco Central que
permitirá que cooperativas de crédito e sistemas cooperativos possam ter o
serviço de auditoria dos balanços realizados por entidades com as quais
mantenham vínculo societário direto.
Na visão do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e do Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), a regulamentação proposta é
ilegal e quebra o princípio de que o trabalho de auditoria externa deve ser
independente. “Não é questão de qualidade. Mas de princípio. A mudança
coloca o sistema sob risco”, avalia Idésio Coelho, recémeleito
presidente do
Ibracon.
A norma proposta não proíbe que as cooperativas contratem auditorias
tradicionais para atestar seus demonstrativos financeiros, mas há uma
indução para que o serviço seja prestado por Entidades de Auditoria
Cooperativa (EAC). Isso ocorre porque o BC cria o serviço de “auditoria
cooperativa”, determina que ela seja prestado por EACs e proíbe que as
auditorias comuns exerçam esse trabalho. “Haverá, certamente, clara
tendência de que as firmas de auditoria independente acabem alijadas, pois
as cooperativas provavelmente preferirão contratar um só prestador de
serviço, necessariamente a EAC, capaz de realizar ambos os trabalhos”,
argumentam.
O serviço de “auditoria cooperativa” combina tarefas de compliance e
auditoria interna, como acompanhamento de aspectos ligados a governança,
controles internos e gestão de riscos com o trabalho tipicamente
desempenhado por um auditor externo, como avaliação da situação
patrimonial, econômica, financeira e dos fluxos de caixa.
Atualmente, apenas uma entidade se enquadra na descrição de EAC, que é a
Confederação Nacional de Auditoria Cooperativa (CNAC). Seu conselho é
formado por membros dos sistemas Sicredi, Sicoob e Unicred, que passarão a
poder ser auditados pela própria CNAC, que foi procurada, mas não se
manifestou.
Na norma, o BC reconhece o problema e diz que “caso seja observada
qualquer suspeição quanto à independência” da EAC, ele poderá determinar
a revisão dessa auditoria por outra entidade.

Fonte: Valor Econômico

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